Estilo Cabo Frio: Sangue no rastro do pau-brasil

ESTILO CABO FRIO – HISTÓRIA

Sangue no rastro do pau-brasil

Os estudos mais recentes estabeleceram em 3.500 anos a.C. a chegada do homem a Cabo Frio. Em todo o território municipal encontram-se cerca de 30 sítios arqueológicos ainda em bom estado de conservação, que assinalam os vestígios (conchas, fogueiras, artefatos de pedra e osso) desta passagem.

Na época do descobrimento do Brasil, Cabo Frio era habitado por duas poderosas nações guerreiras: os Tamoyos e os Goitacazes. Em 1503 uma armada portuguesa comandada por Américo Vespúcio desembarcou na Praia dos Anjos em Arraial do Cabo.

Os navegadores realizaram uma expedição de 40 léguas terra para o interior, e partiram deixando 24 homens estabelecidos na primeira feitoria das Américas. Mais tarde, esta pequena comunidade, e o impacto que a cultura indígena causou aos primeiros viajantes, inspiraram o inglês Tomas Morus a escrever “Utopia”, livro capaz de renovar, na força de sua simplicidade, os grandes sistemas filosóficos da Europa daquele tempo.

Foi em Cabo Frio que se iniciou a derrubada das florestas de pau-brasil. Esta rica madeira de tinturaria era abundante na região. O litoral desprotegido facilitava a investida de piratas franceses, holandeses e ingleses. A nação tamoia aliada aos franceses foi exterminada à traição pelos portugueses. Cerca de dez mil guerreiros foram mortos ou escravizados. Cabo Frio, porém, não foi ocupada pelos portugueses, continuando assim, à mercê dos piratas e corsários.

Em 1615, os portugueses derrotam os holandeses e franceses, fundando a povoação de Santa Helena de Cabo Frio, e no ano seguinte, construíram o Forte de São Mateus, num penedo com ampla visão para a Barra da Lagoa de Araruama. Livre dos piratas, os portugueses dedicaram-se à tarefa de domínio dos goitacazes, situados ao Norte. Espalharam roupas infectadas de varíola pelos campos, dizimando esta nação indígena. Os sobreviventes eram aldeados, permitindo, afinal, o desbravamento do litoral até Campos.

Através da concessão de sesmarias, a cidade foi povoada. Os padres franciscanos receberam terras para construírem o Convento de Nossa Senhora dos Anjos. Os jesuítas compraram grandes extensões de terras e estabeleceram a Fazenda Campos Novos, além do Convento de São Pedro da Aldeia. Os beneditinos instalaram-se na atual zona central da cidade. E assim, lentamente, Cabo Frio se desenvolveu.

No século XVIII, tendo como base a pesca, a região ampliou suas fontes de riqueza: a fartura da terra a colocava como “celeiro da Baixada Fluminense”. No século XIX, praticamente, se encerrou a exploração do pau-brasil, e se iniciou o desenvolvimento da futura indústria salineira, com a implantação de técnicas artesanais trazidas pelos imigrantes portugueses do Aveiro. A abolição da escravatura ocasionou o colapso da economia local, que só voltou a progredir novamente com o advento da indústria química e do turismo, sobretudo, após a construção da estrada de ferro, rodovias e Ponte Rio-Niteroi.

Extraído do Guia turístico do Município de Cabo Frio de setembro de 1980, de autoria do então Secretário Municipal de Turismo, Marcio Werneck da Cunha

Campanha para a manutenção do Acervo

Depois de permanecer no ar gratuitamente por três anos, de 2016 a 2019, o site do Acervo Marcio Werneck saiu do ar em meados de 2019, por falta de recursos. A Premissa Assessoria, empresa responsável pelos projetos que envolvem o Acervo, lançou, em janeiro, a campanha de arrecadação de fundos na plataforma Kickante para que o site voltasse ao ar, mais completo e ainda gratuito, facilitando a pesquisa sobre a cultura e história locais.

Uma parte desse material foi digitalizado e oferecido para consultas, mas ainda há uma segunda parte a ser trabalhada, especialmente sobre as cidades de Armação dos Búzios e Arraial do Cabo.

Com isso, o projeto ganha importância de cunho social no sentido de resgatar a memória local, merecendo a contribuição de todos, moradores e pesquisadores de maneira geral.

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone da Maria Werneck, jornalista, produtora cultural, filha e responsável pelas ações do Acervo Marcio Werneck (22) 99103-0541. Pelo www.facebook.com/acervomarciowerneck. Instagram: @acervomarciowerneck. Ou na campanha da Kickante: https://www.kickante.com.br/campanhas/site-acervo-marcio-werneck-0

Fotos : Acervo Márcio Werneck

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