sábado, abril 27, 2024
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Santarém: o Paraíso fica a 3.553 km do Rio de Janeiro!

A região de Santarém se consolida como um dos destinos turísticos mais importantes do País. Situada no Oeste do Estado do Pará, concentra riquezas que transcendem às tradicionais belezas naturais da Amazônia. Sua culinária, cultura e uma história que remonta há 12 mil anos são outros atrativos. A vila de Alter do Chão, a cereja do bolo, é chamada de “Caribe da Amazônia”. DESTINOS SERRA & MAR conversou com o secretário municipal de Turismo de Santarém, o administrador Alaércio Magalhães Cardoso, 47 anos, que nos leva a conhecer um pouco mais desse paraíso situado a 3.533 quilômetros do Rio, segundo o Google Maps.

O secretário municipal de Turismo de Santarém, Alaércio Magalhães Cardoso – Foto: Agência Santarém

DSM – Secretário, quais são os principais atrativos de Santarém?

AMC – São os rios. Santarém possui seis rios navegáveis, entre eles o Amazonas, o Tapajós e o Arapiuns. O Tapajós, em sua largura máxima, atinge 20 km! É um rio de águas claras, proporcionando que se faça turismo o ano inteiro, seja no inverno ou no verão amazônico. Também temos florestas, como a Nacional do Tapajós. Temos também quatro regiões de várzeas, muito parecidas com o Pantanal Matogrossense. Ali vivem centenas de comunidades ribeirinhas, que passam a metade do ano com suas casas sobre as águas e a outra metade fincada no solo. Temos muitos quilômetros de praias, nossos postais mais conhecidos.

Seja na maré cheia, ou na maré baixa, Alter do Chão é um destino que pode ser vsitado em qualquer época do ano = Foto Ag. Pará / Sidney Oliveira

DSM – E além das belezas naturais?

AMC – Temos o museu João Fona, que concentra em seu acervo traços da história e da cultura indígena, dos quilombolas e relíquias da Cabanagem (revolta popular ocorrida na então província do Grão-Pará, entre 1835 e 1840). Outro destaque é a nossa gastronomia, colecionadora de prêmios nacionais. A culinária preparada à base de peixes como o pirarucu, tambaqui e tucunaré, entre outros. Temos também uma presença forte do folclore com as tradições do Çairé, dos Botos Tucuxi e Cor de Rosa, fora o carimbó, um ritmo que contagiou todo o Brasil. Nossa cultura é um dos principais patrimônios imateriais do Pará e da própria Amazônia.

O tambaqui assado é uma das atrações da culinária tapajônica – Foto: Reprodução

A força dos cruzeiros internacionais

DSM – O que representam os cruzeiros internacionais para a força do turismo de Santarém?

AMC – Atualmente, Santarém é o segundo destino do Brasil a receber o maior número de cruzeiros internacionais. Só ficamos atrás do Rio de Janeiro. Recebemos em torno de 30 cruzeiros internacionais por temporada, na orla de Santarém e em Alter do Chão. A maioria dos navios vem dos EUA e da Europa. Trazem pessoas que desejam conhecer a Amazônia, ter uma experiência com a Floresta, saborear a culinária, conhecer a cultura de nossa gente. A temporada começa no início de novembro e vai até abril.

DSM – Qual a importância do Turismo para a economia do município?

AMC – É fundamental. Santarém recebe, hoje, 25% dos turistas que visitam o Estado do Pará. Isso representa uma arrecadação de R$ 350 milhões por ano, de forma direta; e mais de R$ 700 milhões, indiretamente. Santarém só perde em quantidade de visitantes para a Capital, Belém. Isso demonstra a força do nosso município.

Os cruzeiros internacionais são uma presença constante na orla de Santarém – Foto: Agéncia Santarém

DSM – A que o Senhor atribui esse crescente interesse do visitante em conhecer a região?

AMC – Temos aqui o que turistas do mundo inteiro querem ver e usufruir: água de boa qualidade, florestas, manifestações culturais, gastronomia, uma história com registros que vêm de há 12 mil anos. Nosso município abriga um dos sítios arqueológicos mais antigos do Brasil, pesquisado por técnicos do Museu Emílio Goeldi, de Belém.  Temos também a Fazenda Taperinha, conhecida mundialmente por sua contribuição em estudos de história natural dos séculos XIX e XX. Nossa riqueza cultural é muito densa também.

A importância da cultura tapajônica

DSM – Qual o valor do folclore nessa riqueza cultural?

AMC – Muito especial. O Çairé é a principal manifestação folclórica do estado do Pará. Só perde em popularidade para o Círio de Nazaré, de Belém. Anualmente, atrai uma média de 100 mil visitantes à vila de Alter do Chão.  Neste ano, registramos a presença de 90 mil pessoas. Cerca de 70% vêm de municípios vizinhos e 13% são de outras partes do País. Eles se hospedam, pernoitam e se alimentam em Santarém para participar dessa manifestação que tem mais de 300 anos de existência e se tornou num dos principais patrimônios culturais do Pará.

DSM – E quando termina o Çairé, os turistas vão embora?

AMC – Nada! Eles permanecem em Alter para desfrutar das praias, de outras belezas naturais e de sua culinária. E o folclore acaba divulgando outras festas. Nosso Carnaval atrai em torno de 40 mil pessoas em Santarém e Alter do Chão. O Rèveillon passou a ser outro atrativo muito forte. Nossa expectativa é trazer 20 mil pessoas para Alter e outras 30 mil, espalhadas pela orla. As pesquisas indicam que 40% dos turistas de fora vêm de São Paulo. Temos atrações o ano inteiro: no período da seca, destacam-se as praias de Alter do Chão; na cheia, o foco muda para a exuberância de nossas florestas. É maravilhoso ver as florestas alagadas, formando um cenário paradisíaco, raro no planeta. É uma excelente oportunidade para visualizar peixes, aves, répteis, e toda a fauna local, vivendo em plena harmonia com o meio ambiente.

O Çairé é um dos principais motivadores da procura de turistas da região – Foto: Agência Santarém

Investimentos em infraestrutura

DSM – Como o senhor analisa a infraestrutura da região de Santarém para receber tantos turistas?

AMC – Estamos nos reorganizando, começando pelos transportes aquaviários, que conduzem os visitantes pelos rios, que são as nossas estradas. O Governo do Pará está desenvolvendo um trabalho intenso na região Oeste do Pará, que envolve Santarém e outros 12 municípios, construindo terminais hidroviários. Nós ganhamos dois. Um deles, o Joaquim da Costa Pereira, é o maior do Brasil, com um fluxo superior a 150 mil passageiros por ano. O Governo inaugurou, recentemente, o Centro de Convenções de Santarém, com uma área de 5 mil metros quadrados, três auditórios, salas temáticas para congressos e seminários, e capacidade para 1.200 pessoas. O estacionamento comporta 500 veículos. Fica próximo ao Aeroporto de Santarém, e passará a exercer um papel muito importante na nossa economia e no turismo. O Centro de Convenções vai colocar Santarém no mapa do turismo de negócios.

DSM – Já existe algum grande evento na agenda do novo Centro?

AMC – Sim, em abril receberemos a 12ª edição da Feira Internacional de Turismo da Amazônia (FITA), envolvendo vários estados do Brasil e outros países.

O novo terminal hidroviário de Santarém é o maior do País – Foto Ag. Santarém

Cidade carece de novos hotéis

DSM – E por falar no Aeroporto…

AMC – O Aeroporto Internacional de Santarém está passando por uma grande reforma, com investimentos da ordem de R$ 280 milhões, através da Aena Brasil, empresa espanhola que já ganhou a concessão de vários aeroportos no País, inclusive o de Congonhas, em São Paulo, e outros cinco no Nordeste.

DSM – Como estão os meios de comunicação da cidade?

AMC – Caminham satisfatoriamente. Temos várias operadoras de celulares atuando aqui, e uma rede de fibra ótica que nos conecta a todo o País. As principais redes de TV e rádio do Brasil também estão presentes.

DSM – E a rede hoteleira?

AMC – É o nosso gargalo. Estamos procurando investidores para construir novos hotéis, sobretudo após a criação do Centro de Convenções. Atualmente, na alta temporada, temos uma taxa de ocupação de 90%; e, na baixa, de 70%.

DSM – E os restaurantes?

AMC – Temos uma boa rede, espalhada nos diversos shoppings, em vários pontos da cidade e, principalmente, em Alter do Chão. A maioria desses estabelecimentos serve pratos com base na culinária regional, com destaque para os peixes e os temperos da Amazônia.

O novo Centro de Convenções incluirá Santarém no mapa do turismo de negócios – Agência Santarém

A grande distância das capitais

DSM – Secretário, apesar de tantas belezas, Santarém fica distante das principais capitais da região. Como funciona o sistema de transportes?

AMC – Nossa distância para Belém, de avião, é de 1 hora. Mas, se formos de carro, teremos que enfrentar 1.250 km de estradas estaduais e uma parte da BR-230, a Transamazônica. Se formos de barco, são dois dias para ir, “descendo” o rio, e mais dois dias e meio para voltar, “subindo” o rio. As distâncias são semelhantes para Macapá, no Amapá.

DSM – E para Manaus, no Amazonas?

AMC – É a mesma coisa, em relação a Belém: é de 1 hora de avião. De barco também são dois dias para ir e outros dois para voltar; ou 15 horas de lancha pra lá e pra cá.

DSM – E para Cuiabá, no Mato Grosso?

AMC – É mais distante. Temos 1.870 km de estrada pela BR-163, praticamente toda asfaltada, restando apenas 30 km, no trecho que liga os dois estados, Pará e Mato Grosso.

Sob o céu azul de Santarém, um espetáculo que somente a natureza é capaz de proporcionar – Foto: Ag. Santarém

Nas águas do Caribe da Amazônia

DSM – O que representou a premiação de Alter do Chão para o desenvolvimento do turismo local?

AMC – Foi muito importante. Concorremos com outros destinos emergentes, como o Jalapão, em Tocantins, por exemplo. Alter do Chão se consolida como o melhor destino turístico da Amazônia e um dos melhores do Brasil. Acaba de receber o prêmio de Melhor Praia de Água Doce do Planeta. É conhecida como o Caribe da Amazônia, mas possui outros atrativos também, além das praias.

DSM – Secretário: o que o turista não pode deixar de fazer quando chegar a Santarém?

AMC – Duas coisas básicas: conhecer todas as belezas de Alter do Chão e se deslumbrar com o espetáculo do encontro das águas dos rios Amazonas e Tapajós. É um show à parte da Natureza.

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