Em entrevista à Revista DESTINOS SERRA & MAR, o secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca, anuncia a transferência da sede da Setur-RJ para o Estádio de Remo da Lagoa, onde as cidades turísticas do interior fluminense poderão fazer uma vitrine de seus atrativos. Anuncia também a criação de uma unidade volante para comercializar peças produzidas pelos artistas cadastrados no Programa de Artesanato do Estado. Leia sobre outras novidades também.
Recentemente, o Senhor esteve reunido com os representantes do trade e secretários municipais de Turismo dos municípios da Região Serrana e de outras, vizinhas. Quais as conclusões tiradas diante das dificuldades apresentadas neste momento de pandemia, e que decisões podem ser comuns aos demais municípios do Estado?
Gustavo Tutuca – Estive na Serra Verde Imperial com o gabinete itinerante do governador Cláudio Castro, que fez questão de transferir a sede do Governo do Estado para a região em lembrança aos 10 anos da tragédia na Região Serrana. Foi muito importante fazer um primeiro contato com os secretários de turismo e outros agentes públicos e privados que movimentam o turismo na região e também foram afetados pela tragédia. Eu sou do interior e sei o quanto é importante aproximar os serviços do Governo do Estado dos municípios. Tenho trabalhado diariamente para estreitar as ações desenvolvidas pela Setur-RJ com as cidades do interior. Vamos fazer um trabalho integrado e visitar todas as regiões para conversar com quem vive o turismo na ponta. A previsão é percorrer todo o Estado ainda no primeiro semestre.
Sempre que um município decide por medidas restritivas, de fechamento das lojas e isolamento dos cidadãos, o comércio local reage. Como a Setur pode ajudar na mediação desses casos? Existe algum plano para ajudar hotéis, pousadas, bares e restaurantes que têm sofrido as consequências do isolamento social?
GT – Estamos em contato permanente com os prefeitos, secretários dos municípios e empresariado para prestar apoio no que precisam. Entendemos o momento difícil e criamos plataformas para auxiliar o setor a se reerguer como, por exemplo, o Turismo Consciente RJ (turismoconscienterj.com.br), onde os viajantes encontram os prestadores de serviços turísticos que se comprometem a seguir os dez mandamentos de segurança sanitária e, ainda, a situação do município para onde ele pretender viajar. Neste momento em que os números de casos estão oscilando muito, há novos decretos sendo publicados pelas prefeituras quase que semanalmente. É importante que o turista esteja informado sobre as regras, antes de se deslocar para esses destinos.
Outro importante serviço online que disponibilizamos, em parceria com o jornal O Globo e apoio da Fecomércio, Sesc RJ e Senac RJ, é o portal “Rio, o seu melhor presente”. Essa plataforma, lançada em dezembro do ano passado, já recebeu mais de 30 mil acessos. Lá, os turistas encontram 550 prestadores de serviços cadastrados e podem verificar quais deles oferecem promoções. É uma forma simples e rápida de aproximar os dois lados interessados. A negociação é direta, barateando os custos. O ranking das cidades com mais serviços ofertados é composto pela Capital em primeiro lugar, seguido por Armação dos Búzios, Petrópolis, Arraial do Cabo e Nova Friburgo. Completam o Top 10, Angra dos Reis, Paraty, Teresópolis, Cabo Frio e Niterói. Os profissionais e estabelecimentos que desejarem cadastrar seus serviços e promoções na plataforma podem se inscrever no site www.riooseumelhorpresente.com.br
Ainda sobre o mesmo assunto: com os dias lindos que têm feito, como a Setur atua junto às cidades litorâneas que dependem de suas praias para movimentar a economia local? Quais as orientações que costuma passar?
GT – Nosso mantra tem sido sempre o Turismo Consciente. Insistimos para que os destinos estejam preparados para receber o público com segurança, cumprindo todos os protocolos sanitários. Orientamos os turistas a buscarem informações no nosso portal sobre os prestadores turísticos. O nosso Estado, agraciado por serras magníficas e um litoral deslumbrante, oferece inúmeras atrações ao ar livre. Precisamos ter responsabilidade e respeitar as regras, como o distanciamento social, evitar aglomerações e usar máscara.
O senhor é um homem do interior e sabe da importância que o turismo tem para a grande maioria dos 92 municípios fluminenses. Que tipo de estratégia o Governo do Estado tem tentado articular com prefeitos e secretários de Turismo para reaquecer a economia destas cidades, após a campanha de vacinação?
GT – Com certeza o turismo é um dos pilares da economia de vários destinos do interior do Estado. Estamos comemorando o início da vacinação e já trabalhando em novas ações e projetos para este ano. Nossa meta é preparar os produtos e serviços turísticos para receber com excelência os turistas assim que a imunização alcance a maioria da população. Sabemos que as pessoas estão ávidas por viajar. Vivenciamos praticamente um ano de restrições e, assim que for possível, o fluxo turístico vai aumentar consideravelmente. Apesar de muitas cidades já terem infraestrutura adequada, há municípios que têm forte potencial turístico, mas a atividade ainda não está fortalecida. É ai que estamos trabalhando. Dar suporte a esses gestores municipais é fundamental para o desenvolvimento do setor no Estado.
Como está caminhando o Programa de Artesanato do Estado? Sem poder participar de eventos, como os artesãos têm feito para comercializar os seus produtos? A Setur (Programa de Artesanato) pensa em disponibilizar uma plataforma online para ajudar esses profissionais na venda de suas peças? Existe esta possibilidade?
GT – Lançamos na semana passada, em parceria com a AgeRio, o programa ArtCred, um microcrédito para os artesãos, que pode ser usado para aquisição de máquinas, equipamentos, reformas, reposição de estoque e capital de giro. Sabemos da nossa responsabilidade com esses profissionais e da ligação da atividade com o turismo. O Programa de Artesanato Estadual não parou, nem mesmo durante os meses mais duros da pandemia. Tanto o cadastro, como a entrega da Carteira Nacional do Artesão, foram realizados de forma online. Vamos retomar a entrega física das carteiras nos próximos meses e estamos realizando o recadastramento dos artesãos.
Infelizmente as participações em feiras, que possibilitam aos artífices divulgarem e comercializarem suas peças, foram interrompidas por conta da situação. Há outras ações, já sendo estudadas, como o uso de uma van adaptada, já pronta, que será usada como loja itinerante para divulgar os trabalhos dos artesãos fluminenses. O veículo, envelopado com imagens de peças artesanais típicas de cada região, será utilizado para a mostra, promoção e comercialização dos produtos artesanais do RJ, oferecendo, assim, novas oportunidades de negócios aos artífices cadastrados no Programa. Por ser itinerante, a loja poderá se locomover, facilitando, assim, o encontro do público consumidor com as peças expostas. A proposta é interagir em locais onde estiverem acontecendo eventos ou onde existam atrativos turísticos que recebem grande fluxo de visitantes.
Existe algum assunto importante que não tenhamos mencionado e o senhor gostaria de abordar?
GT – Acho que uma ação que trará uma grande divulgação para o turismo do Estado, principalmente neste momento em que o turismo de proximidade está em alta, será a transferência da sede da Setur-RJ para o Estádio de Remo da Lagoa, também conhecido como Lagoon. Nessa nova estrutura, vamos criar um hub do turismo fluminense. Nossa meta é aproximar os gestores do turismo do interior com o público consumidor. Fazer com que essas pessoas, que pouco conhecem da enorme diversidade de atrativos do Estado, tenham a oportunidade de se inteirar das cidades que compõem as doze regiões turísticas do Estado. No local, haverá material promocional e funcionários para apresentar os atrativos e falar sobre a infraestrutura turística dos municípios, facilitando e incentivando os futuros turistas a viajar. Estou muito confiante nesse intercâmbio entre os gestores do setor do interior e as pessoas que buscam novos destinos para conhecer.
A Subsecretaria de Grandes Eventos, que foi recentemente transferida para a estrutura da Setur, está trabalhando em um calendário único de eventos para quando a maioria da população estiver vacinada. O objetivo é organizar para que os eventos aconteçam em datas diferentes, evitando uma corrida desenfreada na volta às atividades do setor. Além disso, vamos desburocratizar a realização dos eventos, com um portal único em que o organizador consegue realizar a auto-declaração e/ou pegar os alvarás necessários em um só lugar.
